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quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Faianças Bordalo Pinheiro cessam produção no fim do mês por falta de encomendas




23.12.2008
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A maior cerâmica caldense – as Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, Lda – pediu aos trabalhadores para suspenderem o seu contrato de trabalho por já não ter “uma única encomenda para o mês de Janeiro”, segundo o seu administrador, Jorge Serrano.
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A empresa vai cessar a produção da fábrica que possui na zona industrial das Caldas da Rainha e que dá emprego a 150 trabalhadores, mantendo por enquanto a funcionar o espaço fabril secular que já vem do tempo do artista Rafael Bordalo Pinheiro, na zona histórica da cidade. Aqui, porém, só trabalham 17 pessoas e o seu administrador diz que os encargos são tantos que também esta parte da empresa não deverá sobreviver ao mês de Janeiro.
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Já em Junho passado, a Secla, a maior indústria cerâmica das Caldas da Rainha, tinha também fechado a sua fábrica, que contava com 260 trabalhadores. As Faianças Bordalo Pinheiro são a última indústria deste sector, que ainda sobrevivia, e, curiosamente, foi também a primeira, dado que a empresa é herdeira da fábrica criada em 1884 pelo artista que lhe dá o nome.
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Em Maio deste ano, perante uma primeira ameaça de insolvência, a câmara local interveio e comprou por 900 mil euros uma parte do edifício histórico onde Bordalo trabalhou. O objectivo era preservar a memória de uma figura intimamente ligada às Caldas – e da qual se comemorou este ano o centenário da sua morte –, bem como o património industrial da fábrica do século XIX, na qual a autarquia pretende criar ateliers cerâmicos.
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Este balão de oxigénio só aguentou a empresa por mais sete meses. Jorge Serrano diz que só falta receber 200 mil euros por aquela venda, mas que estes já têm destino para pagar dívidas à Segurança Social e a outros credores. O empresário diz que não há muito mais a fazer, tendo em conta que vivia apenas de um cliente americano e outro alemão para os quais já não há encomendas.
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Além do edifício histórico, a empresa já vendeu praticamente todos os seus activos, que incluíam uma loja no centro da cidade e os serviços sociais da fábrica na zona industrial. Mas as receitas foram insuficientes para fazer face a um passivo que, em Maio, era de 5 milhões de euros. Nos últimos três anos a empresa teve sempre prejuízos que - sem contar 2008 - atingiram 1,7 milhões de euros.
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Em Janeiro, se ninguém comprar o que resta da herança física de Bordalo Pinheiro nas Caldas da Rainha, a fábrica encerra.
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Ontem, os vereadores da oposição (PS) questionaram o executivo camarário sobre a forma como a câmara está a “acompanhar as evoluções negativas ao nível da sustentabilidade do projecto e da manutenção dos postos de trabalho” daquela fábrica, depois de terem sublinhado a “singularidade da aquisição em apoio de uma empresa que é uma referência histórica”.
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Carlos Cipriano, in Público

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Em 1875, Rafael Bordalo Pinheiro cria a figura do “Zé Povinho”.

1 comentário:

Anónimo disse...

info Nice;) Obrigado pelo seu tempo ...;)