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sábado, 18 de outubro de 2008

Pilar del Río entrevista José Saramago



Excertos da marcante entrevista de Pilar a Saramago, por ocasião dos dez anos da atribuição do Prémio Nobel ao escritor português.

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«[...] também me desespera a falta de respeito pelo idioma. Porque somos o que pensamos, e dizemos aquilo que pensamos com palavras. Se as palavras são tão mal usadas, deturpadas, mal pronunciadas muitas vezes, que espécie de pensamento podem expressar? Isso é frustrante.»
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«Quando se vive de ilusões é porque algo não funciona. A nossa imagem mais constante é a de alguém que está parado no passeio à espera de que o ajudem a atravessar para o outro lado.»

«A proximidade de um desastre, mesmo que seja muito relativo, pode comover muito mais que uma tragédia longínqua, que acaba por tornar-se abstracta. Quatro mil chineses mortos nas inundações, em que pode isso tocar-nos?»

«Vamos lá ver: toda a gente sabe que a riqueza se alimenta da pobreza.»

«O ser humano é um animal doente. E parece que não temos cura.»

«Está claro: privatizam-se os lucros, as perdas assumimo-las todos. [...] Embora também possa acontecer que se mude alguma coisa para que tudo continue na mesma.»
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«A vida pode dar-se por muitas coisas, mas não por um pedaço de pano, ainda que as pessoas digam, "mas isto é a Pátria". Que não é, pois se um regime muda, muda a bandeira.»
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«A intolerância não é uma tendência, é uma brutal realidade.»
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«[...] acho que na sociedade actual falta-nos filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência. Falta-nos reflexão, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.»
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«Estes dez anos foram os dez anos que mudaram a tua vida? Eu acho que não, Pilar. Quer dizer, a minha vida tornou-se mais agitada, mais participante. É algo que aconteceu, que teve consequências, mas não mudou nada em mim. Entre o antes e o agora houve uma continuidade natural.»
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«Sabemos que a morte é uma chatice, claro, e no caso dos escritores é uma dupla chatice. O escritor morre e a sua obra, geralmente, entra numa espécie de nuvem negra.»
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Excertos retirados da revista Única do Expresso, de 11 de Outubro de 2008

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