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A mostrar mensagens de 2008

Feliz ANO NOVO!

É sempre bom recordar outros tempos e relembrar que as crianças, fundamentalmente, merecem sempre um ano melhor.

Fim de Ano na Madeira

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«O hábito não muito antigo, de despedir o ano velho e receber ao ano novo com toda a espécie de fogos de artifício, é aquele que mais chama a atenção dos forasteiros, sendo na verdade um espectáculo imponente e belo o que oferece a cidade do Funchal e seus subúrbios ao avizinhar-se a hora da meia noite do dia 31 de Dezembro, quando por toda a parte se acendem os fósforos de cores e sobem aos ares os milhares de foguetes e granadas com que os madeirenses festejam a passagem dum para outro ano, na esperança de que aquele que principia lhes traga todas as venturas que lhes negou o que vai sumir-se na voragem dos tempos. A noite de 31 de Dezembro é muito animada no Funchal, sendo a cidade percorrida por grandes ranchos que se dirigem para vários pontos dos arredores, ao som de machetes e violas, para daí contemplarem os festejos da meia noite. É no dia 7 de Janeiro, após os Reis, que se desmancham as lapinhas e tudo volta à normalidade, mas algumas pessoas conservam os presépios armados at

Eduardo Lourenço

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Eduardo Lourenço, solicitado pela revista Visão para comentar as figuras e os acontecimentos mais marcantes de 2008, seleccionados pela redacção da referida revista, referiu o seguinte acerca da contestação dos professores: «O que eu penso é que os professores - o paradigma do cidadão útil e consciente de uma sociedade - são gente que não protesta sem ter razões muito fortes para o fazer. Uma crise nesta área tem sempre qualquer coisa de suicidário. Não são agentes puramente patológicos de uma sociedade. São sintomas de que há uma crise do tipo de educação que temos. É verdade que tem sempre que existir um mínimo de crise, porque, senão, significa que a educação não se está a pensar a si própria. Desde o Maio de 1968 que o lugar do ministro da Educação é o lugar mais terrível que existe. Mas, entretanto, houve uma alteração da imagem do professor, da sua figura, que também tem a ver com o trabalho que faz. Num destes dias, vi que 70% dos professores gostaria de abandonar o ensino, o q

Curiosidade linguística: a origem do termo "nó"

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O vocábulo "nó", na náutica, designa uma unidade de velocidade constante equivalente a 1 milha marítima por hora, ou seja, 1852 m/h. No livro Para Além de Capricórnio , de Peter Trickett, que nos fala da chegada dos portugueses às costas da Austrália e da Nova Zelândia, 250 anos antes do Capitão CooK, é apresentada a seguinte explicação: «No seu ponto mais primitivo, a velocidade de um navio era avaliada deixando cair um pequeno pedaço de madeira da proa do navio e vendo quanto tempo demorava a chegar à popa. Este método foi refinado no século XVI, atando o pedaço de madeira a uma corda com nós, e contando quantos nós passavam pelos dedos do marinheiro num determinado espaço de tempo: esta acção dava a velocidade do navio em " nós ".» (p. 42) Ao consultarmos o sítio da Ciência Viva, damos conta de que coube a Bartolomeu Crescêncio a invenção da "barquinha", numa tentativa de aperfeiçoamento constante dos instrumentos náuticos. «A barquinha, ou barca, é dos

Faianças Bordalo Pinheiro cessam produção no fim do mês por falta de encomendas

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23.12.2008 .. A maior cerâmica caldense – as Faianças Artísticas Bordalo Pinheiro, Lda – pediu aos trabalhadores para suspenderem o seu contrato de trabalho por já não ter “uma única encomenda para o mês de Janeiro”, segundo o seu administrador, Jorge Serrano. .. A empresa vai cessar a produção da fábrica que possui na zona industrial das Caldas da Rainha e que dá emprego a 150 trabalhadores, mantendo por enquanto a funcionar o espaço fabril secular que já vem do tempo do artista Rafael Bordalo Pinheiro, na zona histórica da cidade. Aqui, porém, só trabalham 17 pessoas e o seu administrador diz que os encargos são tantos que também esta parte da empresa não deverá sobreviver ao mês de Janeiro. .. Já em Junho passado, a Secla, a maior indústria cerâmica das Caldas da Rainha, tinha também fechado a sua fábrica, que contava com 260 trabalhadores. As Faianças Bordalo Pinheiro são a última indústria deste sector, que ainda sobrevivia, e, curiosamente, foi também a primeira, dado que a empre

Uma vida em película cinematográfica

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Manoel de Oliveira 1931 - DOURO, FAINA FLUVIAL 1932 - HULHA BRANCA 1932 - ESTÁTUAS DE LISBOA 1937 - OS ÚLTIMOS TEMPORAIS 1938 - MIRAMAR, PRAIA DAS ROSAS 1938 - PORTUGAL JÁ FAZ AUTOMÓVEIS / JÁ SE FABRICAM AUTOMÓVEIS EM PORTUGAL 1941 - FAMALICÃO 1942 - ANIKI-BOBÓ 1956 - O PINTOR E A CIDADE 1958 - O CORAÇÃO 1959 - O PÃO 1962 - ACTO DA PRIMAVERA 1963 - A CAÇA 1964 - VILAVERDINHO, UMA ALDEIA TRANSMONTANA 1965 - AS PINTURAS DO MEU IRMÃO JÚLIO 1965-2008 - A VIDA E A MORTE, Romance de Vila do Conde 1972 - O PASSADO E O PRESENTE 1974 - BENILDE OU A VIRGEM MÃE 1979 - AMOR DE PERDIÇÃO 1981 - FRANCISCA 1982 - VISITA - MEMÓRIAS E CONFISSÕES 1983 - LISBOA CULTURAL 1983 - NICE - A PROPOS DE JEAN VIGO 1985 - LE SOULIER DE SATIN (O SAPATO DE CETIM) 1985 - SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESCULTURA EM PEDRA 1986 - MON CAS (O MEU CASO) 1987 - A PROPÓSITO DA BANDEIRA NACIONAL 1988 - OS CANIBAIS 1990 -NON, OU A VÃ GLÓRIA DE MANDAR 1991 - A DIVINA COMÉDIA 1992 - O DIA DO DESESPERO 1993 - VALE ABRAÃO 1994 - A CAIXA

BOAS FESTAS!

Miguel Torga, "Natal"

Natal Um anjo imaginado, Um anjo diabético, actual, Ergueu a mão e disse: — É noite de Natal, Paz à imaginação! E todo o ritual Que antecede o milagre habitual Perdeu a exaltação. Em vez de excelsos hinos de confiança No mistério divino, E de mirra, e de incenso e ouro Derramados No presépio vazio, Duas perguntas brancas, regeladas Como a neve que cai, E breve como o vento Que entra por uma fresta, quezilento, Redemoinha e sai: À volta da lareira Quantas almas se aquecem Fraternalmente? Quantas desejam que o Menino venha Ouvir humanamente O lancinante crepitar da lenha? Miguel Torga

André Sardet

"Adivinha O Quanto Gosto De Ti" Já pensei dar-te uma flor, com um bilhete, mas nem sei o que escrever. Sinto as pernas a tremer, quando sorris p'ra mim, quando deixo de te ver. Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim. Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti. . Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim. . Ando a ver se me decido, como te vou dizer, como hei-de te contar. Até já fiz um avião, com um papel azul, mas voou da minha mão. Vem jogar comigo um jogo, eu por ti e tu por mim. Fecha os olhos e adivinha, quanto é que eu gosto de ti. . Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti, desde a Lua até aqui. Gosto de ti, simplesmente porque gosto. E é tão bom viver assim. . Quantas vezes eu parei à tua porta. Quantas vezes nem olhaste para mim. Quantas vezes eu pedi que adivinhasses. Quanto é que eu gosto de ti. . Gosto de ti, desde aqui até à lua. Gosto de ti

O Natal na Madeira

«As festas do Natal duram na Madeira desde o dia em que se comemora o nascimento de Jesus até ao dia de Reis, havendo durante este tempo muitos folguedos, descantes e outras manifestações de regozijo, que poetizam esta bela quadra do ano. As refeições são melhoradas, e rara é a casa onde não aparecem a carne-de-vinho-e-alhos e os bolos de mel, assim como outras iguarias que são desconhecidas durante o resto do ano. Os templos enchem-se de povo por ocasião da missa do galo, em que a imagem do Deus-Menino é muitas vezes dada a beijar, e para completar as festas e solenidades do Natal, há ainda os presépios ou lapinhas, alguns deles verdadeiramente notáveis pela riqueza e variedade de seus adornos. Não há muitos anos, era uso nalgumas freguesias da Madeira «pensar» a imagem do Deus-Menino na noite do Natal, isto é, levá-la e vesti-la sobre um estrado colocado dentro da igreja, sendo este serviço prestado sempre por uma rapariga, mas tal uso cremos que desapareceu, assim como um outro que

Arquipélago das Palavras

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... «O menino é o pai do homem.» ... Machado de Assis ... «O silêncio é o som do tempo que não passa.» ... «[A morte] não é a obscuridade que nos disseram, mas apenas esta imbecilidade de caminhar para sempre no fundo do mar, acreditando nos sonhos.» ... Abílio Estévez ...

“Parquímetro” ou “parcómetro”?

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Há tempos, assolou-me esta dúvida: “Será que ‘parcómetro’ tem o mesmo significado de ‘parquímetro’?” Parece que sim, pois, ao consultar o Dicionário da Língua Portuguesa 2009 , da Porto Editora, a entrada “parcómetro” remete para “parquímetro”, «aparelho que serve para medir o tempo de estacionamento de um veículo automóvel em parque público ou em certas ruas ou praças, e, consequentemente, determina a quantia a pagar (De parque + - metro )». Segundo o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa , a palavra mais correcta é “parquímetro” (“parque”) e não “parcómetro” (“parco”).

"Pais natal"?

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Decididamente, a televisão não pode ser encarada como directriz no que concerne à utilização da língua portuguesa, apesar de, para muitos, ser vista como a transmissora da norma linguística. Por vezes, depende muito do rigor dos locutores, que, ao prepararem os trabalhos, deveriam esclarecer-se, partindo do princípio de que se aperceberam de alguma incongruência. Assim, não se percebe que surja a expressão "pais natal", quando o segundo vocábulo é um adjectivo, que tem de concordar com o nome "pais". Neste caso aqui, estamo-nos a referir a todas aquelas pessoas que se vestem como o "Pai Natal", daí "pais natais". Se, por outro lado, nos estivermos a referir ao "Pai Natal" da lenda de S. Nicolau, só podemos utilizar a expressão no singular, uma vez que só existe um "Pai Natal". Já agora, o plural de "bolo-rei" é "bolos-reis", pois segue a regra definida para estes casos, isto é, quando temos uma palavra comp

Frigidário

Tenho as mãos enregeladas. Enquanto penso, esfrego-as, aproveitando o intervalo de inacção das falangetas. As pontas dos pés, também, quase que não as sinto. Parece que plantei os pés sobre a geada. O tempo, realmente, tem feito jus ao mês e à quadra natalícia. Se calhar, noutros anos, habituámo-nos mal. Pudemos fruir, até mais tarde, de alguma complacência do frio, entretido por outras latitudes mais a norte. Para nosso desconsolo, este ano enredou-nos nesta aragem cortante e gélida, que nos faz desejar o cheiro do pinheiro seco a crepitar no borralho. Lá temos de sair à rua com o frio, como quem vai, contrafeito, passear o cachorro às 11 horas da noite, a fim de o quadrúpede se poder aliviar do cocozinho acumulado desde a última visita ao canteiro da frente, que, outrora, já teve relva e margaridas, mas que agora tem resquícios amarelados, quebradiços, secos daquela abundância de ácidos e de gases exalantes. Não quero atirar a frio, agora, uma história que me ocorreu, mas, a respeito

"Férias extra"?

Durante este fim-de-semana, ouvi, da parte de um jornalista, a expressão "férias extra". Tudo isto, se bem me lembro, a propósito, ainda, das faltas dos deputados da Assembleia da República a uma votação no dia 5 de Dezembro. .. Como já não é a primeira vez que surge esta situação, seja na comunicação social ou noutros locais, decidi, de uma vez por todas, esclarecer este assunto, para que não andemos, muitas das vezes, a falar sem termos consciência das regras. Por vezes, até, achamos que nos soa melhor de determinada forma, mas não sabemos explicar as razões de tal uso. .. Na expressão "férias extra", a palavra "extra" é um adjectivo , pelo que concorda com o nome que caracteriza. Portanto, " férias extras ", assim como "aulas extras", "horas extras", "edições extras", etc.

POR QUE ou PORQUE?

Escrever em duas palavras ou numa só depende da natureza gramatical dos elementos em presença. POR QUE escreve-se em duas palavras sempre que por é uma preposição. Assim, deverá escrever-se por que nos casos em que: a) se emprega a preposição por com o pronome relativo que : Embora não tão cedo como teria gostado, ele realizou o sonho por que (pelo qual) sempre lutou; b) se utiliza a preposição por com o pronome interrogativo adjunto que : Poderás explicar-me por que (por qual) motivo me chegas a casa só a estas horas? Atente-se que, neste caso, o pronome que surge sempre junto de um nome ao qual está ligado pelo sentido. PORQUE deverá escrever-se numa única palavra sempre que: a) se trate de uma conjunção subordinativa causal : Compro sempre os bolos nesta pastelaria porque me sabem aos bolos da minha infância ; b) se trate de um advérbio interrogativo , surgindo sempre ligado a um verbo . Como advérbio interrogativo , poderemos encontrá-lo: - em orações interrogativas direct

"Mandado" e "mandato"

A utilização destas duas palavras gera, por vezes, alguma confusão, pela proximidade gráfica e fonética. .. Assim, convém demarcar bem os seus significados. .. Segundo o Dicionário da Língua Portuguesa 2009 , da Porto Editora, " mandado " é uma « determinação escrita emanada de autoridade judicial ou administrativa ». Temos, por exemplo, o " mandado de captura ", ou seja, uma "ordem de prisão". .. No que respeita à palavra " mandato ", a maior parte das vezes é utilizada com um enquadramento político, significando, desta forma, « poder concedido por meio de votação a uma pessoa ou a um partido para representar os seus interesses durante determinado período ». Temos, neste caso, os " mandatos parlamentares ".

As origens da Lapinha

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http://www.agencia.ecclesia.pt/ «É com este termo que na Madeira se designam os «presépios», que desde séculos tão generalizados estão entre nós. Julgamo-lo uma palavra peculiar deste arquipélago. Deve ser o diminutivo de «lapa» com o significado de furna, gruta ou cavidade aberta em um rochedo, por analogia ou semelhança com o local do nascimento do Divino Redentor. É possível que em outros tempos conservassem essa analogia ou semelhança, mas, ao presente e na generalidade, as «lapinhas» madeirenses são armadas sôbre uma mesa, tendo como centro uma pequena escada de poucos decímetros de altura, de três lanços contíguos, e no topo da qual se coloca a imagem do Menino Jesus. Em todos os degraus da escada e em torno dela estão dispostos os «pastores» e vários objectos de ornato, por vezes bem estranhos e sem próxima afinidade com o resto do presépio. Em obediência às condições do meio, terão algumas características próprias, como sejam as ornamentações com os ramos do arbusto «alegra-ca

"Singularidades" de um realizador centenário

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Manoel de Oliveira comemora, hoje, os seus cem anos de vida. O realizador, há mais tempo no activo, nasceu no dia 11 de Dezembro de 1908 . ... O mesmo afirmou, quando interpelado sobre o que iria fazer neste dia tão especial, que estaria, obviamente, «atrás das câmaras». ... Actualmente, Manoel de Oliveira está a realizar mais um filme, baseado no conto "Singularidades de Uma Rapariga Loura", de Eça de Queirós. ... ... «E ao outro dia Macário partiu. .. Conheceu as viagens trabalhosas nos mares inimigos, o enjoo monótono num beliche abafado, os duros sóis das colónias, a brutalidade tirânica dos fazendeiros ricos, o peso dos fardos humilhantes, as dilacerações da ausência, as viagens ao interior das terras negras e a melancolia das caravanas que costeiam por violentas noites, durante dias e dias, os rios tranquilos, donde se exala a morte. .. Voltou. .. E logo nessa tarde a viu a ela, Luísa, clara, fresca, repousada, serena, encostada ao peitoril da janela, com a sua ventarol

Dez anos depois do Nobel, um Saramago sempre de paixões

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«Visão cosmogónica de um escritor de certa idade que não se resigna a não saber onde vive: e se o universo não fosse mais do que um corpo, a nossa galáxia uma célula, o sistema solar um átomo, o Sol o núcleo dele, e a Terra um dos seus electrões? Que seres seriam esses que viveriam em cima de um electrão?» José Saramago, Cadernos de Lanzarote, Diário III , Caminho, p. 49 .... .... «O homem mais sábio que conheci em toda a minha vida não sabia ler nem escrever. Às quatro da madrugada, quando a promessa de um novo dia vinha em terras de França, levantava-se da enxerga e saía para o campo, levando ao pasto a meia dúzia de porcas de cuja fertilidade se alimentavam ele e a mulher. Viviam desta escassez os meus avós maternos, da pequena criação de porcos que, depois do desmame, eram vendidos aos vizinhos da aldeia, Azinhaga de seu nome, na província do Ribatejo. Chamavam-se Jerónimo Melrinho e Josefa Caixinha esses avós, e eram analfabetos um e outro. No Inverno, quando o frio da noite ap

Curiosidades também linguísticas

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Aquando da leitura do livro Terra Java , de João Lopes Marques, pude observar a origem da palavra ketchup , tão familiarizada entre nós. Segundo João Lopes Marques, esta palavra é uma «corruptela» do chinês ke-tsiap , «o molho para peixe que os portugueses quinhentistas provaram nos portos de Malaca e Penang, traficando-o para o Ocidente» (p. 116). Uma outra curiosidade não menos interessante pode-se observar na palavra portuguesa "chunga" ("de fraca qualidade", "ordinário", "reles"), que tem a sua origem no vocábulo shunga , «livro de imagens eróticas que as noivas japonesas incluem no enxoval» (p. 172). Numa outra passagem da obra, aparece-nos James Maria Magra, um dos marinheiros do Endeavour , que se dirige aos companheiros a propósito de supostas injustiças praticadas pelo Captain Cook : «- Não podemos cruzar os braços, acusa-nos de abusarmos do grogue! Prepara-se para descontar três salários a cada homem... Até Plymouth só teremos cerveja!

Alçada Baptista 1927-2008

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António Alçada Baptista morreu hoje aos 81 anos. Prestamos aqui a nossa homenagem a um grande jornalista, cronista, escritor e defensor da liberdade. Para algumas informações sobre Alçada Baptista poderá consultar os seguintes links (entre outros): http://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Al%C3%A7ada_Baptista http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1352376 http://www.portaldaliteratura.com/autores.php?autor=13

Crónica temperada

“Quando eu era mais catraio” Sentados numa das mesas do bar, íamos deglutindo o caldo verde, por entre um ou outro momento de apuramento gustativo, quando calhava vir, enredada nos fios de couve, uma lasca de chouriço vermelho. A sopa, como é habitual, requer cuidados redobrados com a língua, não se vá ela escaldar naquela cálida rescendência. Porém, naquele dia, estava a saber bem encostar os lábios, frouxamente, à colher e aspirar, num misto de sopro e sucção, o caldo fragrante. O dia estava frio e os casacos não se despiram, por isso, eram corpos quase inertes os que se abandonavam nos assentos gélidos. Se uma mão dava quentura ao corpo, a outra aproveitava o ócio para se abrigar na algibeira, embora, por vezes, lhe coubesse alguma partilha, contrafeita, de tarefas: ora o alçar do papo-seco, ora o “limpa-beiças”, como dirá alguém. Por entre este descontraído manejo tilintante, outro retinido se elevava por todo o espaço. “Parece que o Banco Central Europeu baixou as taxas de referên

"Ele chegou à uma hora da tarde" ou "Ele chegou há uma hora da tarde"?

A primeira frase, “ Ele chegou à uma hora da tarde ” (a uma determinada hora, numa hora específica, como poderia ser “Ele chegou às duas horas da tarde”), é a que está correcta . A outra, “Ele chegou há uma hora da tarde”, não está correcta. Para ter sentido, teria de estar “Ele chegou há uma hora [atrás]”, ou seja, faz uma hora que chegou (chegou há 60 minutos). .... A pedido de João Francisco, Angola.

"A Viagem do Elefante", de José Saramago

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«Têm razão os cépticos quando afirmam que a história da humanidade é uma interminável sucessão de ocasiões perdidas. Felizmente, graças à inesgotável generosidade da imaginação, cá vamos suprindo as faltas, preenchendo as lacunas o melhor que se pode, rompendo passagens em becos sem saída e que sem saída irão continuar, inventando chaves para abrir portas órfãs de fechadura ou que nunca a tiveram.» ( A Viagem do Elefante , p. 223)

Sugestão matemática

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( imagem ) Para os curiosos e estudiosos da linguagem matemática, aqui fica uma sugestão de uma página dedicada a esta disciplina (basta clicar na imagem). Nesta página podem aceder a conteúdos e a exercícios / actividades.

Blogue recomendado

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( clique na imagem ) Sugestão de Catarina Trigo

Parabéns, Pedro Barroso, "O último trovador".

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Pedro Barroso nasceu, em Lisboa, no dia 28 de Novembro de 1950 . "Menina dos Olhos de Água" Pedro Barroso Menina em teu peito sinto o Tejo E vontades marinheiras de aproar Menina em teus lábios sinto fontes De água doce que corre sem parar Menina em teus olhos vejo espelhos E em teus cabelos nuvens de encantar E em teu corpo inteiro sinto feno Rijo e tenro que nem sei explicar Se houver alguém que não goste Não gaste, deixe ficar Que eu só por mim quero-te tanto Que não vai haver menina para sobrar Aprendi nos 'Esteiros' com Soeiro E aprendi na 'Fanga' com Redol Tenho no rio grande o mundo inteiro E sinto o mundo inteiro no teu colo Aprendi a amar a madrugada Que desponta em mim quando sorris És um rio cheio de água lavada E dás rumo à fragata que escolhi Se houver alguém que não goste Não gaste, deixe ficar Que eu só por mim quero-te tanto Que não vai haver menina para sobrar Faça uma visita: http://www.pedrobarroso.com/

"Intervalo" - Per7ume

O tema "Intervalo" é o primeiro single do disco de estreia dos Per7ume, que agrupa alguns dos ex-membros dos Ornatos Violeta e dos Blunder. A enriquecer este tema, está ainda a participação especial de Rui Veloso. O projecto Per7ume foi idealizado no Porto em 2007 e integra A. J. Santos na voz e guitarra, José Meireles na guitarra, Bruno Oliveira na bateria, Nelson Reis no baixo e Elísio Donas (ex-Ornatos Violeta) nos teclados. A letra, sugestiva, é da autoria de A. J. Santos. Vida em câmara lenta, Oito ou oitenta, Sinto que vou emergir, Já sei de cor todas as canções de amor, Para a conquista partir. Diz que tenho sal, Não me deixes mal, Não me deixes No livro que eu não li, No filme que eu não vi, Na foto onde eu não entrei, Notícia do jornal O quadro minimal Sou eu Vida à média rés, Levanta os pés Não vás em futebóis, apesar Do intervalo, que é quando eu falo, Para não me incomodar. Diz que tenho sal, Não me deixes mal, Não me deixes No livro que eu não li, No filme que eu

Simulacro e simulação

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( imagem ) Após ter surgido a dúvida se se poderia utilizar as palavras simulacro e simulação como sinónimos no que se refere a exercícios de preparação para o combate a incêndios, consultei alguns dicionários, e até o ciberdúvidas . Assim: simulação refere-se ao acto ou efeito de simular, fingimento; simulacro é uma imagem, cópia ou reprodução imperfeita, acção simulada (entre outros significados possíveis). Conclui-se, simulação e simulacro são sinónimos "em vários contextos , nomeadamente no que se refere aos exercícios de preparação para o combate a incêndios." ( A. Tavares Louro em ciberdúvidas) "Como são exercícios próximos da preparacão militar, a palavra mais usada é simulacro . Simulação apenas se usa como sinónimo pouco frequente." ( A. Tavares Louro em ciberdúvidas) Apesar de tudo, a utilização de simulação, em vez de simulacro, é possível , embora de uso menos regular.

O poder da palavra

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(imagem: fonte ) Dei por mim, hoje, a pensar em algo que ouvira ainda ontem numa pequena reunião de pais organizada por um padre. A determinada altura referia-se ao “poder da palavra.” Realmente, quer seja na oralidade, quer seja na escrita, a palavra assume o papel central na comunicação, simplesmente porque comunicamos pela palavra. Dei por mim a pensar, também, no Ensaio sobre a Cegueira de Saramago, mas desta vez cogitei um semelhante ensaio sobre a surdez. Como? Concebamos uma situação análoga na qual as pessoas seriam afectadas por uma epidemia que os impossibilitasse de ouvir. Isso levaria a que, em parte, a nossa comunicação com o outro se alterasse, na oralidade. Aqui, a comunicação manter-se-ia mas modificada, continuaria mas restringida à palavra escrita ou gestual. Para nós, habituados a ouvir e a fazer-se ouvir seria uma cruel realidade. Mas voltemos à ideia inicial, o poder da palavra. Não fora esse poder, não estaria aqui, agora, a idear um qualquer text

"Diário de Blindness"

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Vale a pena fazer uma visita a este blogue, que nos proporciona várias reflexões de Fernando Meirelles a respeito da feitura do filme Blindness. «[...] difícil é abrir os olhos [...]» O Diário de Blindness também já está disponível em livro, pelas publicações Quasi. «(…) Apesar de feliz pelo encontro [com José Saramago], aquela noite me deixou apreensivo. Por ter sempre se recusado a vender os direitos de seus livros para adaptação (“cinema destrói a imaginação”), achei que ele não estivesse interessado no filme. Para meu desespero, estava enganado. Ele estava bastante interessado, perguntou várias vezes quando ficaria pronto ou quando poderia assistir a algo. Depois do nosso encontro, me mandou um e-mail dispondo-se a colaborar caso eu precisasse e dizendo-se totalmente confiante em relação ao nosso trabalho. Antes ele não estivesse tão confiante assim, o risco de uma grande decepção seria menor. Sei que nenhuma projecção desse filme será tão tensa quanto a que farei para apresentá

"Escrever na infinita página"

São palavras de José Saramago, a propósito da escrita na blogosfera. .. A respeito dos quatrocentos anos do nascimento do Padre António Vieira, deixo aqui um excerto retirado do Sermão de Santo António aos Peixes, que continua, infelizmente, bem actual, aliás, como todas as suas palavras. É o próprio Saramago que, numa entrevista ao JL (994), a propósito do seu mais recente livro, A Viagem do Elefante , refere essa influência de Vieira: «[...] há também toda a importância de Padre António Vieira, a prosa do Barroco...»; «É uma influência que não nego.» .. «Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará [...], vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me disseram que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos , quis averiguar ocu

Arquipélago das palavras

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.... ... «A língua portuguesa não é nossa, também é nossa.» Adriano Moreira, presidente da Academia de Ciências de Lisboa ...

Dois sítios da Internet a não perder

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A História do Dia .... .... Clube de Leituras ... Duas excelentes sugestões de Catarina Trigo

"Um Outro Amor", de Pacman

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A estreia de Pacman ... Conhecemo-lo como a figura que emerge nos Da Weasel, mas há muito que Carlos Nobre Neves (nome de guerra: Pacman) é um observador atento do quotidiano e cronista assíduo. A edição de Um Outro Amor resume alguns dos textos escritos para o Correio da Manhã, nos últimos dois anos e meio. A ideia não é, contudo, nova, porque há mais de dez anos que conhece o editor da Oficina do Livro, António Lobato Faria, por intermédio do então manager dos Da Weasel e guru da noite lisboeta, Hernâni Miguel. "Reuníamo-nos nas tertúlias do Targus e, na altura, o Hernâni sugeriu que houvesse material com interesse. Mostrei uns textos ao António. Eram poemas e shortstories que já foram à vida. Era lixo mas ficou no ar a ideia", explica-nos Pacman. ... O amor pela escrita é, de resto, uma paixão que o rapper agora tornado escritor não esconde. A lírica dos Da Weasel assim o diz. Um Outro Amor concretiza o passo que faltava. "Apesar da minha preponderância ser a esc