O REGICÍDIO FOI HÁ CEM ANOS
1 de Fevereiro de 1908
Apontamento Literário
«Pátria (1896), de Guerra Junqueiro, é o primeiro texto literário que expressa o ódio a D. Carlos, e a extinção da dinastia régia proposta no final nasce do desejo de vingança pela cedência ao Ultimato inglês, um evento que foi, segundo uma brilhante imagem estilística de Nuno Severiano Teixeira, o Outono da Monarquia e a Primavera da República. Neste poema, o rei é tratado como um porco, símbolo da luxúria e da ignorância, estando ainda implícita uma traição de D. Amélia».
António Martins Gomes, in Jornal de Letras (n.º 974)
E o rei!... olhem o rei!... que rei de entrudo!...
Um porco em pé, com manto de veludo
E coroa na cabeça, a andar, a andar!
Mas reparem... tem cornos! é cornudo!
Dois chavelhos de boi no seu lugar!
Um rei, que é porco e tem chavelhos!
Um rei, que é porco e tem chavelhos!
Que fantasia! enlouqueci... ando a sonhar!...
Mas bem no vejo! eu bem no vejo,
Coroa de rei, tromba de porco e chifres no ar!..
/.../
Beija-lhe a corte as patas e o traseiro...
E ele a grunhir! e ele a roncar!...
Guerra Junqueiro, Pátria
António Martins Gomes, in Jornal de Letras (n.º 974)
E o rei!... olhem o rei!... que rei de entrudo!...
Um porco em pé, com manto de veludo
E coroa na cabeça, a andar, a andar!
Mas reparem... tem cornos! é cornudo!
Dois chavelhos de boi no seu lugar!
Um rei, que é porco e tem chavelhos!
Um rei, que é porco e tem chavelhos!
Que fantasia! enlouqueci... ando a sonhar!...
Mas bem no vejo! eu bem no vejo,
Coroa de rei, tromba de porco e chifres no ar!..
/.../
Beija-lhe a corte as patas e o traseiro...
E ele a grunhir! e ele a roncar!...
Guerra Junqueiro, Pátria
Comentários