Faça dinheiro sem esforço

sábado, 29 de novembro de 2008

Parabéns, Pedro Barroso, "O último trovador".



Pedro Barroso nasceu, em Lisboa, no dia 28 de Novembro de 1950.

"Menina dos Olhos de Água"
Pedro Barroso

Menina em teu peito sinto o Tejo

E vontades marinheiras de aproar

Menina em teus lábios sinto fontes

De água doce que corre sem parar

Menina em teus olhos vejo espelhos

E em teus cabelos nuvens de encantar

E em teu corpo inteiro sinto feno

Rijo e tenro que nem sei explicar

Se houver alguém que não goste

Não gaste, deixe ficar

Que eu só por mim quero-te tanto

Que não vai haver menina para sobrar

Aprendi nos 'Esteiros' com Soeiro

E aprendi na 'Fanga' com Redol

Tenho no rio grande o mundo inteiro

E sinto o mundo inteiro no teu colo

Aprendi a amar a madrugada

Que desponta em mim quando sorris

És um rio cheio de água lavada

E dás rumo à fragata que escolhi

Se houver alguém que não goste

Não gaste, deixe ficar

Que eu só por mim quero-te tanto

Que não vai haver menina para sobrar

Faça uma visita:

http://www.pedrobarroso.com/


"Intervalo" - Per7ume

O tema "Intervalo" é o primeiro single do disco de estreia dos Per7ume, que agrupa alguns dos ex-membros dos Ornatos Violeta e dos Blunder.

A enriquecer este tema, está ainda a participação especial de Rui Veloso.

O projecto Per7ume foi idealizado no Porto em 2007 e integra A. J. Santos na voz e guitarra, José Meireles na guitarra, Bruno Oliveira na bateria, Nelson Reis no baixo e Elísio Donas (ex-Ornatos Violeta) nos teclados.

A letra, sugestiva, é da autoria de A. J. Santos.

Vida em câmara lenta,
Oito ou oitenta,
Sinto que vou emergir,
Já sei de cor todas as canções de amor,
Para a conquista partir.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

Vida à média rés,
Levanta os pés
Não vás em futebóis, apesar
Do intervalo, que é quando eu falo,
Para não me incomodar.

Diz que tenho sal,
Não me deixes mal,
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

Não me deixes já
História que não terminou
Não me deixes

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu

No livro que eu não li,
No filme que eu não vi,
Na foto onde eu não entrei,
Notícia do jornal
O quadro minimal
Sou eu


quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Simulacro e simulação


Após ter surgido a dúvida se se poderia utilizar as palavras simulacro e simulação como sinónimos no que se refere a exercícios de preparação para o combate a incêndios, consultei alguns dicionários, e até o ciberdúvidas.

Assim: simulação refere-se ao acto ou efeito de simular, fingimento; simulacro é uma imagem, cópia ou reprodução imperfeita, acção simulada (entre outros significados possíveis).

Conclui-se, simulação e simulacro são sinónimos "em vários contextos , nomeadamente no que se refere aos exercícios de preparação para o combate a incêndios." (A. Tavares Louro em ciberdúvidas)

"Como são exercícios próximos da preparacão militar, a palavra mais usada é simulacro. Simulação apenas se usa como sinónimo pouco frequente." (A. Tavares Louro em ciberdúvidas)

Apesar de tudo, a utilização de simulação, em vez de simulacro, é possível , embora de uso menos regular.

domingo, 23 de novembro de 2008

O poder da palavra

(imagem: fonte)


Dei por mim, hoje, a pensar em algo que ouvira ainda ontem numa pequena reunião de pais organizada por um padre. A determinada altura referia-se ao “poder da palavra.”


Realmente, quer seja na oralidade, quer seja na escrita, a palavra assume o papel central na comunicação, simplesmente porque comunicamos pela palavra.


Dei por mim a pensar, também, no Ensaio sobre a Cegueira de Saramago, mas desta vez cogitei um semelhante ensaio sobre a surdez. Como? Concebamos uma situação análoga na qual as pessoas seriam afectadas por uma epidemia que os impossibilitasse de ouvir. Isso levaria a que, em parte, a nossa comunicação com o outro se alterasse, na oralidade. Aqui, a comunicação manter-se-ia mas modificada, continuaria mas restringida à palavra escrita ou gestual. Para nós, habituados a ouvir e a fazer-se ouvir seria uma cruel realidade.


Mas voltemos à ideia inicial, o poder da palavra. Não fora esse poder, não estaria aqui, agora, a idear um qualquer texto para transmitir aquilo que a razão me leva a redigir. Leva-me a meditar sobre o título que um dia atribuímos a este blogue.


Gostaria simplesmente de deixar-vos a reflexão sobre o poder da palavra, da magia encerrada em cada um das vocábulos que utilizamos, por vezes banalmente, por outras sensatamente. Todos os dias, o ser humano vibra com o poder da palavra.


"Diário de Blindness"


Vale a pena fazer uma visita a este blogue, que nos proporciona várias reflexões de Fernando Meirelles a respeito da feitura do filme Blindness.





«[...] difícil é abrir os olhos [...]»



O Diário de Blindness também já está disponível em livro, pelas publicações Quasi.





«(…) Apesar de feliz pelo encontro [com José Saramago], aquela noite me deixou apreensivo. Por ter sempre se recusado a vender os direitos de seus livros para adaptação (“cinema destrói a imaginação”), achei que ele não estivesse interessado no filme.



Para meu desespero, estava enganado. Ele estava bastante interessado, perguntou várias vezes quando ficaria pronto ou quando poderia assistir a algo. Depois do nosso encontro, me mandou um e-mail dispondo-se a colaborar caso eu precisasse e dizendo-se totalmente confiante em relação ao nosso trabalho. Antes ele não estivesse tão confiante assim, o risco de uma grande decepção seria menor. Sei que nenhuma projecção desse filme será tão tensa quanto a que farei para apresentá-lo ao autor da história.»

"Escrever na infinita página"

São palavras de José Saramago, a propósito da escrita na blogosfera.
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A respeito dos quatrocentos anos do nascimento do Padre António Vieira, deixo aqui um excerto retirado do Sermão de Santo António aos Peixes, que continua, infelizmente, bem actual, aliás, como todas as suas palavras. É o próprio Saramago que, numa entrevista ao JL(994), a propósito do seu mais recente livro, A Viagem do Elefante, refere essa influência de Vieira: «[...] há também toda a importância de Padre António Vieira, a prosa do Barroco...»; «É uma influência que não nego.»
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«Quero acabar este discurso dos louvores e virtudes dos peixes com um, que não sei se foi ouvinte de Santo António e aprendeu dele a pregar. A verdade é que me pregou a mim, e se eu fora outro, também me convertera. Navegando de aqui para o Pará [...], vi correr pela tona da água de quando em quando, a saltos, um cardume de peixinhos que não conhecia; e como me disseram que os Portugueses lhe chamavam quatro-olhos, quis averiguar ocularmente a razão deste nome, e achei que verdadeiramente têm quatro olhos, em tudo cabais e perfeitos. [...] Tantos instrumentos de vista a um bichinho do mar, nas praias daquelas mesmas terras vastíssimas, onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos milhares de gentes há tantos séculos?! Oh quão altas e incompreensíveis são as razões de Deus, e quão profundo o abismo de seus juízos!»
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Outra influência anunciada por Saramago é a de Garrett: «Mas a leitura das Viagens teve muita influência para mim. Aliás, devíamos ler mais Garrett. Por exemplo, os Discursos Parlamentares, são um deslumbramento, quer na linguagem, quer na articulação do raciocínio político, quer no aspecto da polémica. São uma lição de português, de uma riqueza inesgotável e pouca gente os conhece.»
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"Costumo dizer: «Não leiam os meus livros, leiam as minhas epígrafes». A deste livro é assim: «Sempre acabaremos por chegar aonde nos esperam»."

Arquipélago das palavras

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«A língua portuguesa não é nossa, também é nossa.»

Adriano Moreira, presidente da Academia de Ciências de Lisboa
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Dois sítios da Internet a não perder

A História do Dia


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Clube de Leituras
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Duas excelentes sugestões de Catarina Trigo

sábado, 22 de novembro de 2008

"Um Outro Amor", de Pacman


A estreia de Pacman
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Conhecemo-lo como a figura que emerge nos Da Weasel, mas há muito que Carlos Nobre Neves (nome de guerra: Pacman) é um observador atento do quotidiano e cronista assíduo. A edição de Um Outro Amor resume alguns dos textos escritos para o Correio da Manhã, nos últimos dois anos e meio. A ideia não é, contudo, nova, porque há mais de dez anos que conhece o editor da Oficina do Livro, António Lobato Faria, por intermédio do então manager dos Da Weasel e guru da noite lisboeta, Hernâni Miguel. "Reuníamo-nos nas tertúlias do Targus e, na altura, o Hernâni sugeriu que houvesse material com interesse. Mostrei uns textos ao António. Eram poemas e shortstories que já foram à vida. Era lixo mas ficou no ar a ideia", explica-nos Pacman.
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O amor pela escrita é, de resto, uma paixão que o rapper agora tornado escritor não esconde. A lírica dos Da Weasel assim o diz. Um Outro Amor concretiza o passo que faltava. "Apesar da minha preponderância ser a escrita e não a voz, gosto de escrever num outro formato que não apenas para canção. No fundo, é o mesmo amor mas num outro contexto." E assim se explica também um título que sugere uma segunda paixão.
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No livro, podem encontrar-se referências díspares. O Benfica (ainda uma outra paixão) e Barack Obama convivem pacificamente com alguns dos companheiros da criação de Pacman. Por isso, "há sempre assunto mas é preciso estar direccionado", defende. "Numa semana posso escrever sobre uma coisa fútil e na outra sobre o Barack Obama", acrescenta, não esquecendo um texto sobre "formigas na casa de banho".
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Na última segunda-feira, durante a apresentação de Um Outro Amor, António Lobato Faria referiu que Pacman é uma excepção num espaço de cronistas pouco habituado a espíritos tão jovens. O contexto não é recusado, embora a diferença se possa explicar pela "linguagem descontraída e directa que não é básica". Sem pruridos, assume que procura "não complicar", o que também se materializa numa escrita "espontânea". Pacman procura não se levar "muito a sério", embora reconheça que "nem sempre é muito fácil", especialmente quando "já há muitas pessoas a cuidar do teu bebé". E quanto à exposição, "faz sentido neste contexto específico". Tal como a homenagem à Mulher.
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Mas a brincadeira, essa, está sempre presente como ilustra uma crónica em que relata um momento de partilha com o amigo Manel Cruz. "O que tento fazer é levar as coisas com descontracção sem me armar em artista." Extensão disso mesmo, as alusões recorrentes à Margem Sul revelam "um espaço humano mais do que físico". O Pacman que se fartava de bater recordes no jogo com o mesmo nome cresceu, mas continua a fazer como Chico Buarque: "Faz duas vezes, antes de pensares."
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Retirado do jornal Diário de Notícias
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Prémio Sharjah 2008, da Unesco, para Adalberto Alves


O escritor português Adalberto Alves foi hoje (17 de Novembro) laureado pela UNESCO com o Prémio Sharjah 2008, que visa distinguir quem tenha contribuído de forma relevante para a promoção, preservação e revitalização da cultura árabe no mundo.

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Adalberto Alves, que preside actualmente ao Centro de Estudos Luso-Árabes de Silves, foi laureado na sequência de recomendações de um júri internacional que analisou 33 candidaturas, apresentadas por 20 Estados-membros da UNESCO.

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Para Adalberto Alves, receber este prémio "é o coroar de muitos anos de trabalho de divulgação da herança árabe na cultura portuguesa", declarou o laureado à agência Lusa.

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Por seu lado, o embaixador de Portugal junto da UNESCO, José Duarte Ramalho Ortigão, considera este prémio como sendo "muito importante e com grande prestígio a nível internacional".

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O embaixador declarou que está "muito satisfeito, porque é a primeira vez que um português o recebe", o que constitui motivo de orgulho "para ele e para Portugal. Sabemos que havia candidatos de muito alto nível. Assim é premiado o seu trabalho de uma vida" acrescentou.

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Adalberto Alves recebeu o prémio das mãos de Koichiro Matsuura, director-geral da UNESCO.

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Como novos projectos, Adalberto Alves revelou à Lusa que prepara "uma antologia da minha poesia, em versão bilingue árabe-português, que será lançada em Marrocos, e em castelhano em Espanha.", bem como a conclusão de "um dicionário de palavras portuguesas de origem árabe".

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Patrocinado pelo governo do Emirado de Sharjah, o Prémio, agora entregue a Adalberto Alves e cuja primeira edição foi em 2001, partiu de uma proposta do sheik Bin Mohamed Al-Qassimio e foi aprovado pelo Conselho Executivo da UNESCO em 1998.


Lusa (Agência de Notícias de Portugal)

Investir na língua portuguesa

«Temos a obrigação de fazer um investimento rápido na língua portuguesa», declarou o primeiro-ministro, José Sócrates, no final da IX Cimeira luso-brasileira, realizada em Salvador da Baía, a 28 de Outubro.
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Lula da Silva reforçou a ideia de a «nossa língua ser adoptada nos fóruns internacionais».
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Para dar um sinal dessa determinação, os documentos saídos desta cimeira já foram escritos de acordo com as regras do acordo ortográfico, mas o tema voltará a estar em discussão na reunião dos ministros da Educação e Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), a decorrer em Lisboa, nos dias 14 e 15 de Dezembro.
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In Jornal de Letras, Artes e Ideias (994)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

A História Devida

Foi com muita tristeza que recebi a notícia do fim deste magnífico programa da responsabilidade das Produções Fictícias e transmitido na Antena 1.
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Foram muitas as histórias que pude desfrutar ao longo destes três bem passados anos.
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Como adorava vir do trabalho a escutar mais uma história, lida, irrepreensivelmente, pelo Miguel Guilherme. No final, havia sempre um brevíssimo apontamento entre o Miguel e a Inês Fonseca. Eram momentos bem passados!
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Cheguei mesmo a aproveitar o livro que foi publicado pela ASA, Histórias Devidas, para, sentado em almofadas com os alunos, contarmos histórias nas aulas.
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Fico, contudo, esperançado de que as histórias não hão-de terminar. Seja qual for o suporte, haveremos de continuar a encontrar sempre um lugar para nos aquecermos na lareira crepitante das histórias devidas.
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Para já, temos, no dia 22 de Novembro, às 17 horas, no Jardim de Inverno do Teatro Municipal São Luiz de Lisboa, a comemoração dos três anos d' A História Devida, com conversas sobre este projecto nacional de histórias, leitura de histórias e muitas outras surpresas.
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«Porque toda a gente tem uma história para contar..."

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Filme "Ensaio sobre a Cegueira", de Fernando Meirelles, baseado no romance de Saramago

Somos «cegos que vêem ou que, vendo, não vêem».
José Saramago



«Sentes que as luzes se apagaram?»
«Não, é como se todas as luzes se acendessem ao mesmo tempo.»

"A Viagem do Elefante", de José Saramago



"Acho que o livro é, sobretudo, uma homenagem à língua portuguesa. A linguagem é constutuída por sedimentos linguísticos. A minha impressão é que esta doença transtornou a ordenação desses sedimentos: alguns que estariam no profundo passaram à superfície e tornaram-se mais conscientes. Foi uma espécie de revelação, como alguém que descobre que sabia mais do que imaginava. Construções frásicas, palavras que julgava sepultadas nos sedimentos do passado, de repente deslocaram-se para o presente. É como se tivesse captado, sem esforço, algo essencial no meu idioma. Por isso, a linguagem desta Viagem é, ao mesmo tempo, moderna e arcaica. Noutro plano, há a profunda serenidade com que vivi esse momento, inclusive o período mais agudo e perigoso da doença. Amanhã morrerás. Sim."

José Saramago, in Visão (818)

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

"A Turma", de Laurent Cantet


Filme A Turma, de Laurent Cantet (Palma de Ouro em Cannes)


François Bégadeu interpreta o seu próprio papel de professor de Francês, bem como também foi ele que escreveu o romance A Turma, que serviu de base ao filme.

Os alunos que participaram no filme foram os resistentes de um ateliê livre de representação organizado por Cantet e Bégadeu no liceu Dolto.
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"Este surpreendente e imperdível filme está na zona-sombra entre o documentário e a ficção. Uma turma real parisiense, multiétnica e um espantoso professor (o próprio Bégadeu), que enfrenta o desinteresse, as interpelações e as provocações dos alunos com uma notável estratégia argumentativa e desconstrutiva." (Visão)


Leia, ainda, o texto do jornal Público.

Plano Nacional de Leitura


Segundo um estudo que avalia o impacto do Plano Nacional de Leitura, consegue-se perceber que as crianças portuguesas lêem cada vez mais e melhor.


As bibliotecas escolares também ganham um novo alento com a criação do PNL, mais concretamente com todas as actividades que lhe estão associadas, como, por exemplo, a Semana da Leitura.
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Faça uma visita:


terça-feira, 4 de novembro de 2008



A Visão publicou, no dia 23 de Outubro, a sequência de um encontro inédito entre António Lobo Antunes e Gonçalo M. Tavares. O elo condutor foi a quinta edição de O Arquipélago da Insónia, mas, para nosso maior regozijo, a conversa descontraída empolgou-se por várias vertentes da literatura.

Aqui ficam alguns excertos:

António Lobo Antunes: No princípio, fazia muitos planos, mas agora quando escrevo não tenho nada, absolutamente nada. As coisas aparecem-me e, quando está a correr bem, a mão fica feliz.

Gonçalo M. Tavares: O que eu sinto é que há duas fases: essa fase do prazer e, depois, a fase dolorosa, que para mim significa sofrimento puro.

ALA: A parte das correcções é horrível. Eu corto, corto, corto… É como ser professor de Português e ter que corrigir os pontos dos alunos. E, ainda por cima, pontos maus, porque as primeiras versões são de facto muito distantes daquilo que imaginávamos que o livro seria. Como aproximar tudo aquilo? Só através de correcções, correcções, correcções.

[…]

GMT: São necessárias cem versões para parecer que se escreve à primeira, não é? De qualquer modo, eu acho que há um momento a partir do qual se piora. Balzac falava muito nisso. Tira ponto, mete vírgula e, a certa altura, é preciso ir ao caixote do lixo à procura da primeira versão.

[…]

GMT: […] Quando me deram o Prémio Portugal Telecom, perguntaram-me o que é que ia fazer com o dinheiro. Eu respondi que ia comprar tempo.
ALA: Devia ter dito que ia comprar um [bolo] económico e uma carcaça. Ninguém pergunta a um banqueiro o que é que ele faz ao dinheiro, mas perguntam-no a um escritor como se nós fôssemos mendigos. Parece uma tia minha que, quando dava uma esmola, dizia: «Agora não gaste tudo em vinho.»

[…]

GMT: Há uma desvalorização da palavra. E sobretudo da palavra oral.

[…]

GMT: Noto que o movimento da escrita, mesmo corporalmente, alimenta mais escrita.

[…]

ALA: Já várias vezes disse que o importante é que o livro seja inteligente, não o autor.

[…]

GMT: O que me parece é que é fácil fazer coisas aos 38 anos. O difícil é continuar, continuar, continuar…
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Leia a versão integral no seguinte endereço: http://aeiou.visao.pt/Actualidade/Cultura/Pages/campocontracampo.aspx



segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Arquipélago das palavras


"Economia: aquisição do barril de uísque de que não precisamos pelo preço da carne de vaca que não nos podemos dar ao luxo de comprar."
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Ambrose Gwinett Bierce
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Ascensão e não “Ascenção”

A palavra ascensão, enquanto nome comum, significa "acto de ascender"; "subida"; "promoção"; "festa religiosa em que é comemorada a elevação de Cristo ao céu"; "o dia dessa festa".

Veja-se, a este propósito, a palavra "ascensor", que significa "elevador".



Ascensor de Santa Justa

Lisboa

Empréstimos externos adaptados


Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, editado pela Academia das Ciências de Lisboa, sob a organização de João Malaca Casteleiro.

Este dicionário constitui-se, hoje, como o padrão para a língua portuguesa, apesar das reservas que ainda se lhe colocam, sobretudo no que diz respeito ao aportuguesamento de alguns termos, onde a prática diária de falantes nos estilizou uma escrita mais conservadora.

Vejamos alguns dos vocábulos que, através do processo de empréstimo externo (estrangeirismos) já sofreram uma adaptação. A não adopção do termo português obriga à colocação do “estrangeirismo” dentro de aspas ou em itálico.

ANTES / AGORA

atelier / ateliê
bibelot / bibelô
breafing / brifingue
kart / carte
cartoon / cartune
gang / gangue
pivot / pivô
lobby / lóbi
motard / motar
plafond / plafom
rail / raile
stress / stresse
stand / stande
staff / stafe
troika / tróica
dossier / dossiê
hamburguer / hambúrguer
motocross / motocrosse
vip / vipe (adjectivo)
cowboy / cobói
abajour / abajur
nylon / náilon
placard / placar
roulotte / rulote
boutique / butique
bikini / biquíni
penalty / penálti